quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

"Vende-se um Aval"


Porque será que nós sempre precisamos de um aval para tomarmos um rumo?
É cada vez mais difícil encontrar alguém que tome uma idéia própria,ou até mesmo alheia, e tenha a coragem de segui-la sem se preocupar com opniões, ou seja, sempre precisamos de uma aval, de um avalista, de algo ou alguém que nos confirme e que confie na nossa idéia. E pior, esse aval que tanto precisamos, por vezes tem que ser material, algo palpável, moderno, futurista. Vamos ao exemplo... A cerca de 2000 anos atrás um certo homem proferia à humanidade uma máxima que se baseava na fé. Este homem explicava que a fé seria capaz de mover montanhas, mudar horizontes, abrir rios e mares. E este conceito vem difundido no livro mais lido do planeta terra inteiro. E daí? Daí que é um conceito velho, ultrapassado, metódico, ilusório, retrógrado, e irracional. Ops! Nada disso, quer ver? Atualmente uma escritora australiana publicou um livro que promete " O SEGREDO" para a conquista de tudo. É mais ou menos assim: eu quero, eu posso, eu conquisto; o que tecnicamente se chama lei da atração. Traduzindo mais uma vez: eu acredito e sou capaz de tudo, tudo mesmo. Portanto posso incluir neste tudo: remover montanhas, mudar horizontes, abrir rios e mares. E este livro que promete "O SEGREDO" vendeu milhões de exemplares e até deu o título ,à autora do mesmo, como uma das 100 pessoas mais influentes do mundo. E daí? Daí que muitos tomaram este "Segredo" como ideal de vida, como filosofia para o sucesso e à felicidade. Mas peraí... isso já não tinha sido falado a 2000 anos atrás por um certo homem? Pois é! Ele falou! E nós, consumistas, materialistas, modernistas que somos, preferimos acreditar no "Segredo", como a fonte para nossas conquistas, ou seja, precisamos de um AVAL, de alguém para acreditarmos em algo. Este foi somente um exemplo, dentre vários que caberiam aqui. Poderia muito bem citar o exemplo daquela roupa que gostamos tanto mas temos vergonha de vestir porque falaram na coluna de moda do Jornal Hoje que isso já é ultrapassado. Ou poderia citar o exemplo daquele pensamento que nós temos vontade de externar no blog, mas não falamos porque sei lá... "a galera pode não gostar". Melhor dizendo, ninguém me deu o aval! Portanto o que percebemos é que acabamos nos afundando em convenções idiotas, até por vezes imbecis, e que nem vão de encontro ao que pensamos ou que gostamos. Vamos com a maioria, com o que provavelmente vai dar certo, esquecendo que a palavra vanguarda não existe somente pra ser emissora de TV, ou palavra de dicionário. Nos encolhemos sobre o medo do julgamento alheio e esquecemos que poderiamos marcar nossa existência com uma idéia ou ação, que deixamos de fazer por falta de um aval. Enfim... seria tão bom se na quitanda da esquina também vendesse algo chamado Aval. Aval pra idéia, aval pra pensamento, aval pra estilo, aval pra felicidade, pois quem sabe assim ultrapassamos esse medo de ousar.

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